À margem da estrada que ia de Ázere para Carragosela, já existia, em 1595, uma Capela de São Sebastião. Antes desta casa, poderá ter existido outra mais para poente de que nada restou, a menos que lhe pertença um fragmento de pedra do brasão dos Brito, aí achado.

A actual casa da Quinta de São Sebastião começou a ser edificada cerca de 1725, no tempo do Licenciado João Rodrigues de Brito. Era apenas um rectângulo com uma fachada de seis varandas e um balcão de granito, tipicamente beirão. A estrutura estaria terminada em 1728, porque essa é a data inscrita na principal trave do telhado. A Capela poderá ser-lhe contemporânea, mas sofreu obras importantes no século 20.

O filho deste, o Bacharel José Sebastião Rodrigues de Brito, Capitão-mór de Sinde, acrescentou à casa um novo corpo com uma grande sala de jantar, biblioteca e mais quartos de dormir e embelezou-a com panos de porta bordados e com uma pedra de armas sobre o portão. O brasão foi-lhe concedido por D. Maria I, em 1786.

A terceira geração de proprietários é representada pela filha deste, Helena José de Brito Teixeira e pelo Doutor Francisco Álvares da Costa Juzarte e Brito, advogado e professor substituto da Universidade de Coimbra, com quem veio a casar. O apelido Juzarte ou Zuzarte entra na família com este casamento.

O seu filho mais velho foi José Sebastião de Brito da Costa Juzarte, advogado e miguelista. Apesar das suas inclinações políticas, consta da história oral que a casa fornecia cavalos às fugas nocturnas de João Brandão, um combatente liberal. Bom administrador, este José Sebastião assegurou a guarda de parte do espólio do município de Sinde, extinto em 1836, e criou uma ala romântica no jardim, conhecida como “Rua do Buxo”.

A filha que ficou a viver em Sinde, Dona Maria José Adelaide da Conceição da Costa e Brito, alimentou como uma devoção o saudosismo miguelista do pai. Consta que a casa contribuía nesse tempo para a subsistência de D. Miguel no exílio; seria a número 36 na lista de casas da Beira, número que ainda hoje é bem visível, pintado na verga da porta de entrada. Casou com João da Costa Pinto, que ia levando a casa à ruína com os seus excessos.

Como geralmente acontecia, foi a mais velha dos irmãos, Helena Augusta Pinto de Brito que ficou à frente da Quinta de São Sebastião e que conseguiu levantá-la de novo. Casou com o conimbricense Adelino de Sousa Maia e, a partir do casamento, passaram a residir pendularmente entre Sinde e Coimbra. No seu tempo, ampliou-se a área agrícola da Quinta e criaram-se novas divisões (varanda fechada, nova cozinha e sanitários), mas estas de qualidade precária, e que vão ser demolidas.

Maria Eugénia e Maria Leopoldina de Brito e Maia, as duas únicas filhas de Helena Augusta e de Adelino, foram as donas da Quinta de quem quase toda a gente em Sinde ainda se recorda. Socialmente, as duas irmãs voltam a usar nos anos 30 o apelido Zuzarte/Juzarte, para se distinguirem da outra notável família Maia de Sinde (da Quinta de S. Lourenço), com a qual não existe qualquer relação de parentesco. Como residência de férias, hospedavam-se com regularidade na Casa de Zuzarte muitos amigos da família em Coimbra, por exemplo, o casal Gabriela e Vitorino Nemésio e os filhos.

A estas duas senhoras irão suceder apenas filhos de Maria Eugénia e do seu marido, o Coronel Diamantino Antunes do Amaral, porque a tia Leopoldina morreu solteira, em 1992. A maior parte da casa ficará na herança do Engenheiro António Eugénio de Brito e Maia do Amaral e a outra parte encontra-se na posse dos filhos de Helena José, sua irmã.

A nona geração da casa é a dos promotores de um possível projecto de T.E.R., Nuno Diogo, Maria do Rosário, António Eugénio e José Sebastião. Quando se casaram religiosamente, todos o fizeram na Capela de São Sebastião, por isso também familiarmente chamada "dos Santos Mártires". Já nenhum deles usa do apelido Zuzarte, mas alguns mantém o Brito que remonta ao primeiro possuidor da casa e, antes dele, pelo menos a Martinho de Brito, nascido cerca de 1620, "lavrador dos mais principais e melhores desta freguesia e concelho" de Sinde.

          

1728

1786

1790

1805

1836

1862

1872

1909

1928

1936

1940

1955

1974

1996
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